domingo, 27 de fevereiro de 2011

Quem é quem dentre tanta gente...

"Criei em mim várias personalidades. Crio personalidades constantemente. Cada sonho meu é imediatamente, logo ao aparecer sonhado, encarnado numa outra pessoa, que passa a sonhá-lo, e eu não."

      "Só uma grande intuição pode ser bússola nos descampados da alma; só com um sentido que usa da inteligência, mas se não assemelha a ela, embora nisto com ela se funda, se pode distinguir estas figuras de sonho na sua realidade de uma a outra."

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Fernando Pessoa, plural como o Universo.

"Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver,

acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao
mundo e maior amor ao coração dos homens."
(Fernando Pessoa, em "O Eu Profundo")


          Neste domingo (19/02) fui ao Museu da Língua Portuguesa, um dos meus passeios favoritos e recomendáveis à São Paulo e era o penultimo dia da exposição "Fernando Pessoa, plural como o universo." (Sorte a minha, ter a ideia de fazer essa excursãozinha). Então, daí veio a minha vontade de falar um pouqinho sobre esse misterioso e incrível escritor português.
          
13 de junho de 1888 - Nasce em Lisboa, às 3 horas da tarde, Fernando Antônio Nogueira Pessoa.
1896 - Parte para Durban, na África do Sul.
1905 - Regressa a Lisboa
1906 - Matricula-se no Curso Superior de Letras, em Lisboa
1907 - Abandona o curso.
1914 - Surge o mestre Alberto Caeiro. Fernando Pessoa passa a escrever poemas dos três heterônimos.
1915 - Primeiro número da Revista "Orfeu". Pessoa "mata" Alberto Caeiro.
1916 - Seu amigo Mário de Sá-Carneiro suicida-se.
1924 - Surge a Revista "Atena", dirigida por Fernando Pessoa e Ruy Vaz.
1926 - Fernando Pessoa requere patente de invenção de um Anuário Indicador Sintético, por Nomes e Outras Classificações, Consultável em Qualquer Língua. Dirige, com seu cunhado, a Revista de Comércio e Contabilidade.
1927 - Passa a colaborar com a Revista "Presença".
1934 - Aparece "Mensagem", seu único livro publicado.
30 de novembro de 1935 - Morre em Lisboa, aos 47 anos.

          Ao fazer a leitura dessa pequena cronologia de sua vida podemos considerar uma vida relativamente normal e tranquila. Será mesmo?! Engano seu...

"O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente."

          Ao contrário dos pseudônimos - vários nomes para uma mesma personalidade - os heterônimos constituem várias pessoas que habitam um único poeta. Cada um deles tem a sua própria biografia, sua temática poética singular e seu estilo específico. É como se eus fragmentados e múltiplos explodissem dentro do artista, gerando poesias totalmente diversas. O próprio Fernando Pessoa  explicou os seus heterônimos:
"Por qualquer motivo temperamental que me não proponho analisar, nem importa que analise, construí dentro de mim várias personagens distintas entre si e de mim, personagens essas a que atribuí poemas vários que não são como eu, nos meus sentimentos e idéias, os escreveria.
Assim têm estes poemas de Caeiro, os de Ricardo Reis e os de Álvaro de Campos que ser considerados. Não há que buscar em quaisquer deles idéias ou sentimentos meus, pois muitos deles exprimem idéias que não aceito, sentimentos que nunca tive. Há simplesmente que os ler como estão, que é aliás como se deve ler."


        Por enquanto deixo essas poucas palavras sobre F. Pessoa para reflexão... 

"Você já teve contato com alguma obra do Pessoa ou seus heterônimos?! Gostou?! Se nunca teve como foi conhecer um pouco dessa pluralidade em pessoa?!"


Beijos!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Mais sobre TM!

          No dia 28 de março de 2009, voltaram a se apresentar no programa Altas Horas, cantando duas canções do novo álbum, "Pena" e "Mérito e o Monstro". O programa contou também com a presença da apresentadora Xuxa Meneguel e da cantora Ivete Sangalo, que também se embalaram ao som da trupe.

          No dia 24 de abril de 2010, participaram da novela Viver a Vida da Rede Globo. A trupe se apresentou na inauguração de um restaurante da trama, executando as músicas O "Anjo mais velho" e "Pena".



Discografia:

          "Entrada para Raros" (2003) é o primeiro trabalho de Fernando Anitelli como artista solo prima pela mistura de ritmos e estilos. Depois de algumas apresentações, “O Teatro Mágico” deixa de ser “apenas” o nome do CD e passa a denominar a companhia artística criada por Anitelli que, junto de seus companheiros, escreve seu nome na história da música popular brasileira com o sucesso independente de gravadoras ou mídias de massa.



Faixas:
1 Sintaxe à vontade
4 Acoando Notas
5 Mais e Menos
6 22-11
9 Carinho de Mãe
13 Sua Pressa e Sua Prece
 
          "O 2º Ato" (2009) é o mais recente álbum de Fernando Anitelli e sua trupe. As composições escolhidas colocam em debate o homem e a sociedade na qual vive. No primeiro CD (Entrada para Raros), a trupe estava imersa num universo paralelo, num lugar onde tudo era possível, falávamos de lutar pelos nossos ideais, pelos sonhos. No “Segundo Ato”, a gente dialoga sobre como realizar isso. É como se a trupe chegasse na cidade e se deparasse com as questões sociais e urbanas, como o cotidiano dos mendigos citados na música “Cidadão de Papelão” ou a problemática da mecanização do trabalho, questionada na canção “O Mérito e o Monstro”. Indo mais além, na música “Xanéu nº5″, há um debate sutil e, por vias opostas, mordaz, sobre o amontoado de informações que absorvemos, sem perceber, assistindo aos programas de TV da atualidade”, explica Anitelli.
 

Faixas:
1
Amadurecência
2 O Mérito e o Monstro
3 Cidadão de Papelão
4 Pena
5 Opus Erectus (Allegro ma nem tanto)
6
Sina Nossa
7 Si Atromiso
8
Criado-Mudo
9 Sonho de Uma Flauta
10 (!)
11
Eu Não Sou Chico Mas Quero Tentar
12 #@s!@
13
Alguma Coisa
14 Abaçaiado
15 Xanéu nº5
16 Os Insetos Interiores

 
          “Longe da crítica, perto do público”, assim relatou o jornal “Folha de São Paulo” referindo-se ao álbum “O Segundo Ato”  elegendo, através de seus leitores, a Cia. Musical e Circense como o melhor show da atualidade no Brasil. É desta forma, a partir da grande participação do público em sites de relacionamentos como orkut, youtube e outras mídias da rede, que se inicia o processo de “viralizar sem pagar jabá”.


sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O Teatro Mágico.

          
          Baseados no livro "O Lobo da Estepe" O Teatro Mágico (TM) é um grupo musical, político, brasileiro formado em 2003 na cidade de Osasco, São Paulo, criado por Fernando Anitelli, ator, músico e compositor das canções do show.. O TM é um projeto que reúne elementos do circo, do teatro, da poesia, da música, da literatura, da política e do cancioneiro popular tornando possível a junção de diferentes segmentos artísticos numa mesma apresentação.


          A equipe que o acompanha, foi formada em dezembro de 2003 por amigos e artistas que acreditaram no projeto. Trabalha sem apoio de gravadoras ou campanhas midiáticas, alegando-se independentes. Já participaram de eventos patrocinados pelo poder público, como o Governo Federal e a Prefeitura de São Paulo.
         A filosofia da trupe passa por construir sua participação na formação e diretriz do movimento Música Para Baixar (MPB) - comprometido com a defesa do livre compartilhamento de arquivos musicais via internet e flexibilização do direito autoral, que conta com adesão de artistas e músicos preocupados com a questão da censura na web.

          Inspiradas nas obras de Hermann Hesse, escritor alemão ganhador do Prêmio Nobel de Literatura que apresentou o conceito de teatro mágico (eufemismo para uso de entorpecentes) em seu livro O Lobo da Estepe, as composições tratam dos personagens que as pessoas precisam assumir nas diversas situações do cotidiano. As canções vão sendo intercaladas pelo traçado tecnológico de ruídos telefônicos, sinais de rádio e mensagens de voz. Os integrantes da trupe se apresentam maquiados e vestidos de palhaço, que trazem a ideia do "personagem interno" escondido em cada um de nós.
          Apesar de envolver várias expressões artísticas, a linguagem musical e cênica é popular e acessível para todo tipo de público, independente de idade e classe social.
          Embalando todas as canções, destacam-se: violões, violino, guitarra, baixo, percussão, flauta, DJs, gaita, xilofone, bateria, bandolim esonoplastia. São 10 músicos e 3 artistas circenses, e algumas participações esporádicas como a da percussionista Simone Soul (Funk Como Le Gusta) e de alguns músicos do grupo pernambucano Cordel do Fogo Encantado, que também participaram da gravação do CD.

          Em 19 de abril de 2008, o grupo se apresentou no programa Altas Horas, da Rede Globo, com uma apresentação circense, o grupo cantou "Camarada d’água" no programa. Em 18 de Junho de 2008. Veja parte da entrevista:
        O TM é o responsável por modificações de ditados populares que fazem muito mais sentido como: "Não acomodar com o que incomoda" e "Os opostos se distraem, os dispostos se atraem"
           Veja o Site Oficial da banda.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Semelhança ou mera coincidência?!


          Florbela Espanca (1894-1930) foi uma poetisa portuguesa, precursora do movimento feminista em seu país. Sua poesia, carregada de erotismo e feminilidade, tem como tema recorrente a solidão e o sofrimento. Filha ilegítima, casou-se por três vezes e não conseguiu ter filhos. Tentou se suicidar duas vezes e, após diagnóstico de edema pulmonar, mata-se no dia do seu aniversário.

          A autora de “A paixão segundo G.H.” e “A hora da estrela”, Clarice Lispector (1920-1977) nasceu na Ucrânia, mas imigrou para o Brasil com um pouco mais de um ano de idade. Escreveu seu primeiro livro “Perto do Coração Selvagem” aos 17 anos. Bastante reservada quanto a sua vida pessoal, tinha uma escrita bastante intimista.

Algumas citações marcantes segundo: Florbela Espanca.

"A vida é sempre a mesma para todos: rede de ilusões e desenganos. O quadro é único, a moldura é que é diferente"

"A ironia é a expressão mais perfeita do pensamento"

"Quem disser que pode amar alguém durante a vida inteira é porque mente"

"A vida é apenas isto: um encadeamento de acasos bons e maus, encadeamento sem lógica, nem razão; é preciso a gente olhá-la de frente com coragem e pensar, mas sem desfalecimentos, que a nossa hora há-de vir, que a gente há-de ter um dia em que há-de poder dormir, e não ouvir, não ver, não compreender nada"

"Não há dores eternas, e é da nossa miserável condição não poder deter nada que o tempo leva, que o tempo destrói: nem as dores mais nobres, nem as maiores"

"De tudo o que nós fazemos de sincero e bem intencionado alguma coisa fica"

"Tenho que aprender o que ainda não sei: a ser humilde e modesta. Perdoe sempre o meu ridículo orgulho de pobre soberba; mas o orgulho tem sido a minha suprema defesa, tem sido o meu amparo e a minha força. Devo-lhe tantos e tão bons serviços!"

"O meu talento!... De que me tem servido? Não trouxe nunca às minhas mãos vazias a mais pequenina esmola do destino"

"Para quê alcançar os astros!? Para quê!? Para os desfolhar, por exemplo, como grandes flores de luz! Vê-los, vê-os toda a gente. De que serve então ser poeta se se é igual à outra gente toda, ao rebanho?..."

"Não costumo acreditar muito nos sonhos... porque de todos se acorda"

E agora, por Clarice Lispector:


"Que ninguém se engane: só se consegue a simplicidade através de muito trabalho"

"Fique de vez em quando só, senão será submergido. Até o amor excessivo pode submergir uma pessoa"

"Vocação é diferente de talento. Pode-se ter vocação e não ter talento, isto é, pode-se ser chamado e não saber como ir"

"Há momentos na vida em que sentimos tanto a falta de alguém que o que mais queremos é tirar essa pessoa de nossos sonhos e abraçá-la"

"O que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesmo"

"Minha liberdade é escrever. A palavra é o meu domínio sobre o mundo"


"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é possível fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada"

"A harmonia secreta da desarmonia: quero não o que está feito mas o que tortuosamente ainda se faz. Minhas desequilibradas palavras são o luxo de meu silêncio. Escrevo por acrobáticas aéreas piruetas - escrevo por profundamente querer falar. Embora escrever só esteja me dando a grande medida do silêncio"

"O óbvio é a verdade mais difícil de se enxergar"

"Manifestar o inexpressivo é criar"

Ler e reler essas citações me dão uma paz na alma...
E vocês, gostaram?! Quais citações mais chamam sua atenção?!

Beijos!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Sonetos profundo... Nossa BelaFlor nos deixou!!

Eu quero amar,
Amar perdidamente!
Amar só por amar; Aqui... Além...
Mais Este e Aquele,
O Outro e toda a gente ...
Amar! Amar!
E não amar ninguém!
          Alguns críticos referem-se poesia de Florbela Espanca como uma espécie de don-juanismo feminino, pelos excessos e exacerbamento da paixão com voz marcadamente feminina.
          Florbela Espanca, uma mulher acima de seu tempo, tida como grande figura feminina das primeiras décadas da Literatura Portuguesa do século XX.

  Bom... Vou deixar aqui três sonetos que gosto muito. Preparem-se para uma viajem em seu interior cheio de romantismo, amor, desejo, paixão, ilusão... e outros sentimentos mais que tocaram as pessoas a mais de um século atrás e tocam as pessoas até hoje!

         

Deixai entrar a Morte, a Iluminada,
A que vem pra mim, pra me levar.
Abri todas as portas par
em par
Como
asas a bater em revoada.

Quem sou eu neste mundo?A deserdada,
A que prendeu nas mãos todo o luar,
A vida inteira, o sonho, a terra, o mar,
E que, ao abri-las, não encontrou nada!

Ó Mãe! Ó minha Mãe, pra que nasceste?
Entre agonias e em dores tamanhas
Pra que foi, dize lá, que me trouxeste

Pra que eu tivesse sido
Somente o fruto amargo das entranhas
Dum lírio que em má hora foi nascido!…

Florbela Espanca -
Reliquiae


Junquilhos ...

Nessa tarde mimosa de saudade
Em que eu te vi partir, ó meu amor,
Levaste-me a minh’alma apaixonada
Nas olhas perfumadas duma flor.

E como a alma, dessa florzita,
Que é a minha, por ti palpita amante!
Oh alma doce, pequenina e branca,
Conserva o teu perfume estonteante!

Quando fores velha, emurchecida e triste,
Recorda ao meu amor, com teu perfume
A paixão que deixou e qu’inda existe…

Ai, dize-lhe que se lembre dessa tarde,
Que venha aquecer-se ao brando lume
Dos meus olhos que morrem de saudade!

Florbela Espanca -
O Livro D’Ele


Beijos!

IX

Perdi os meus fantásticos castelos
Como névoa distante que se esfuma…
Quis vencer, quis lutar, quis defendê-los:
Quebrei as minhas lanças uma a uma!

Perdi minhas galeras entre os gelos
Que se afundaram sobre um mar de bruma…
– Tantos escolhos! Quem podia vê-los?
Deitei-me ao mar e não salvei nenhuma!

Perdi minha taça, o meu anel,
a minha cota de aço, o meu corcel,
Perdi meu elmo de oiro e pedrarias…

Sobem-me aos lábios súplicas estranhas…
Sobre o meu coração pesam montanhas…
Olho assombrada as minhas mãos vazias…

Florbela Espanca em
Charneca em Flor

"A vida é sempre a mesma para todos: rede de ilusões e desenganos. O quadro é único, a moldura é que é diferente" F. Espanca.

Gostaram?!


Beijos!